Azevinho

Nome vulgar: Azevinho
Nome científico: Ilex aquifolium L.

Árvore ou arbusto de folha perene até 10 m, com copa cónica e estreita, caracteriza-se pelas suas folhas espinhosas, bagas vermelhas e uma longevidade que pode atingir os 300 anos. Apresenta floração entre maio e junho. É nativa do Oeste da Ásia e Sul e Oeste da Europa, frequentemente formando um estrato intermédio em bosques de faias e carvalhos. O azevinho é largamente cultivado como ornamental.
A palavra ilex deriva de um dialeto mediterrânico preindoeuropeu e aparece associado à azinheira (Quercus ilex) bem como ao azevinho, por ter as folhas algo parecidas com as da azinheira. Os romanos chamavam ao azevinho apenas aquifolium. O azevinho é uma planta medicinal e muito tóxica: 20 a 30 frutos podem causar a morte a um adulto. O azevinho contém rotina, ilicina e teobromina e atribuem-se a esta planta propriedades antirreumáticas, antipiréticas, antidiarreicas e espasmódicas. O corte de ramos de azevinho ligado a certas celebrações religiosas – principalmente o Natal – é na verdade um costume pagão muito antigo.
Acredita-se que o azevinho era uma das árvores muito apreciadas pelos Druidas, os mais letrados dos Celtas, cujos registos mais antigos datam do século III a.C. Apreciavam-no por ser uma árvore perene, que se mantinha verde quando outras perdiam a folhagem, e pelas suas drupas que coloriam de vermelho as florestas nevadas durante os longos e frios invernos. Esta capacidade de o azevinho resistir ao frio e à neve terá sido interpretada como símbolo de imortalidade e proteção. Na mitologia Celta, dizia-se que trazer azevinho para casa era sinónimo de abrigar do frio os espíritos da floresta que, em troca, seriam gentis com a família.
Existem também referências da utilização de azevinho nas festas Saturninas, em honra de Saturno, que se celebravam na antiga Roma (segundo a história o azevinho era a planta sagrada deste deus). As Saturninas ocorriam entre 17 e 23 de dezembro e nestes dias as casas eram decoradas com ramos e coroas de azevinho, bem como com gilbardeira (Ruscus aculeatus) e outros ramos de árvores e arbustos de fruto escuro. Com este gesto pretendia-se honrar certas deidades que estavam sob a tutela destas plantas. Os ramos e coroas destas plantas, depois de secos, eram queimados, para purificar.
Existe igualmente uma lenda cristã associada ao azevinho. De acordo com essa lenda, quando a Sagrada Família era perseguida pelos soldados do rei Herodes, que queria matar Jesus, o azevinho forneceu-lhe proteção. Reza a lenda que Maria, ao ver que os soldados estavam muito perto se aproximou de um azevinho (que na altura ainda era uma árvore de folha caduca) e lhe pediu que os escondesse. E, milagrosamente, as folhas do azevinho cresceram e esconderam a família. Muito reconhecida, Maria abençoou a planta, concedendo-lhe o dom de se conservar para sempre verde. E foi assim que o azevinho se tornou um arbusto de folha persistente. O azevinho tornou-se assim símbolo do Natal pelo seu papel de proteção de Jesus.
Em Portugal, é comum encontrar o azevinho nas Serras do Larouco, Barroso, Padrela, Alvão, Marão, Montemuro e Lapa, entre outras regiões florestais. Porém, e devido à recolha intensa das plantas femininas desta espécie, impedindo-a de se reproduzir e colocando-a, consequentemente, na lista das plantas em vias de extinção, o arranque, o corte total ou parcial, o transporte e a venda do azevinho espontâneo é proibido por lei em Portugal desde 1989 (Decreto-Lei 423/89 e Decreto-Lei 254/2009 de 24 de Setembro que revogou aquele diploma).